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“As mulheres conseguem lidar com vários
assuntos ao mesmo tempo”

Para assinalar o Dia da Mulher O MIRANTE não procurou dicas de maquilhagem nem informações sobre aulas práticas de culinária. Fomos procurar exemplos de vida e de trabalho junto de quatro mulheres empresárias da região que arregaçaram as mangas e entraram num mundo onde ainda são os homens que dominam. Não têm medo de arriscar, são focadas em objectivos e determinadas mas por vezes, confessam, têm menos disponibilidade a nível mental e falta-lhes tempo. A justificação que dão é terem mais preocupações que os homens. 


“Nunca tive medo de arriscar”

Emília Santos tem 62 anos, é casada, tem duas filhas e quatro netos. Esta introdução é válida para uma boa parte das mulheres com quem já nos cruzámos, esposas, mães, tias, avós… a grande diferença é que há 21 anos deixou o trabalho por conta de outrem e resolveu aventurar-se no mundo dos negócios em nome próprio. Hoje tem cinco lojas MacDonalds na região do Ribatejo e gere perto de 300 empregados.

“Não foi exactamente uma aventura, uma vez que no franchising já existe uma estrutura de suporte que garante toda a abrangência do negócio”, refere. “De qualquer modo nunca tive medo de arriscar e talvez essa seja a minha costela masculina”, confessa entre risos. Emília destaca a capacidade de ‘multitasking’ do sexo feminino e de empatia, “uma componente humana cada vez mais valorizada na gestão”, acrescenta.


“Há mulheres que não querem chegar ao topo”

Proprietária de seis lojas Multiópticas na região do Médio Tejo, com um total de 27 colaboradores, Carla Dias Crispim, de 45 anos, também é casada e mãe de três filhos. Quando lhe perguntamos o que pensa sobre o sistema de quotas para garantir que as empresas tenham um determinado número de representantes femininas nas posições de topo, responde com uma pergunta: “O que é o topo?”. Para a empresária as mulheres devem chegar onde quiserem, por mérito. Mas lembra que há mulheres a quem não interessa chegar a esse tal topo. “A liberdade que tanto nos tem custado alcançar é isso mesmo. É uma mulher poder decidir acompanhar mais os filhos, não trabalhar a tempo inteiro ou até nem ter filhos”, reforça. O importante é “ter o direito de decidir por si, sem ser fonte de críticas”, remata.


“Tenho que trabalhar mais para provar o meu valor” 

À frente da presidência do conselho de administração da Borrego Leonor e Irmão, maior empresa nacional de comercialização de factores de produção para a agricultura, está Paula Borrego, de 50 anos, casada e mãe de uma filha. Gere três lojas e uma equipa de 40 funcionários. Acompanhou o pai desde jovem e seguiu-lhe as pisadas. O conhecimento dos clientes, o potencial da empresa e o papel importante que tem para a agricultura ribatejana levaram-na a apostar na continuidade do negócio, embora sinta que, por estar “num mundo de homens”, tem que mostrar que é muito melhor do que eles para se conseguir afirmar. A sociedade portuguesa ainda considera que os homens são mais competentes. Contudo já se sente uma tendência de evolução.


“As mulheres conseguem lidar com vários assuntos ao mesmo tempo”

A necessidade de mostrar que é tão boa ou melhor que os homens, é o que leva a notária Salomé Archer Mendes a dedicar mais tempo ao trabalho que à família. Divorciada, com dois filhos menores e a viver em Benavente, realça que a mulher tem uma agilidade mental que é uma aptidão natural e que a ajuda a lidar com várias situações em simultâneo. As exigências da sociedade contemporânea colocam a mulher numa posição cada vez mais difícil e espera-se dela que seja profissional, esposa, amiga, mãe. “Temos que ser proactivas, humanas, intelectuais, cozinheiras, donas de casa”, desabafa Salomé Mendes. “Já senti que falhei enquanto mãe” conta-nos a notária, de 45 anos.

“No desfile de Carnaval do ano passado disse ao meu filho que o ia ver e tive três escrituras que se atrasaram nesse dia. Quando lá cheguei já ele tinham desfilado”. Foi uma lição, diz-nos a ex-funcionária pública, que confessa ter sido sempre uma empreendedora e aventureira, sem receio de sair da sua zona de conforto. “Antigamente no notariado havia mais homens que mulheres, mas hoje é precisamente o oposto. Acho que esta profissão se identifica muito com as mulheres, porque se lida de perto com o público”, diz Salomé, acrescentando que hoje trabalha só com mulheres. São cinco no seu cartório. “Somos muito mais rápidas a resolver situações laborais, mais intuitivas e dedicadas”, sublinha.


Como se concilia trabalho com maternidade e lida da casa?

Embora haja, mesmo que inconscientemente, uma definição de papéis sociais atribuídos a homens e mulheres, as nossas entrevistadas revelam que felizmente já se nota uma tendência positiva na evolução das mentalidades, sobretudo nos meios urbanos.

“Consegue-se conciliar tudo se houver clareza de que a vida familiar e a vida profissional são igualmente importantes. Ter um parceiro que assume que as tarefas são dos dois também é uma grande ajuda”, diz-nos Emília Santos.

Carla, Emília, Paula e Salomé garantem em uníssono que a génese para uma cultura que cultive a igualdade de género é a educação. “A educação não é o ensino, não é a escola, mas sim o seio familiar, é preciso educar para a igualdade e para o respeito pelo outro”, diz Carla Crispim.

“No ensino não há discriminação, até há mais mulheres diplomadas e doutoradas do que homens. Porque é que as mulheres não chegam aos cargos de topo... não sei, não faz sentido. Existem algumas organizações que visam apoiar o empreendedorismo feminino, talvez seja esse o caminho, dar suporte, como já acontece para os jovens empresários”, refere Emília Santos que adquiriu recentemente os restaurantes MacDonalds de Tomar e Torres Novas, juntando-os aos três estabelecimentos que já possuía em Santarém, Carregado e Porto Alto.

Carla Crispim confessa que, pelo menos quando os filhos eram mais pequenos, viveu momentos bastante difíceis.

Portugal é um bom país para as mulheres empreendedoras

Segundo um estudo da Mastercard Index, de 2018, que se debruça sobre o empreendedorismo feminino, Portugal é o sexto melhor país do mundo para as mulheres empreendedoras. Foram analisadas as melhores oportunidades e condições de apoio para as mulheres empreendedoras em 57 países e Portugal destacou-se à frente de nações como a Austrália, Bélgica, Filipinas, Reino Unido e Singapura.

O preconceito de género foi apontado, tanto em mercados emergentes como em mercados desenvolvidos, como o principal obstáculo ao empreendedorismo feminino, com a percepção de desigualdade a conduzir à falta de autoconfiança, baixa aceitação social e por vezes à dificuldade no acesso a financiamento junto das instituições bancárias.

As nossas entrevistadas revelaram que nunca sentiram dificuldade no acesso ao capital. Carla Crispim refere que “quando se tem mérito e se faz um bom trabalho a banca está disponível para apoiar”. Emília Santos corrobora que o acesso ao capital é igual. “Nunca tive nenhum tipo de dificuldade, é evidente que também tinha uma marca muito grande por trás, mas acredito que é uma questão de qualidade e viabilidade do projecto e não de género”.


Notícia extraída na íntegra do jornal "O Mirante"


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